2/28/2008

Forever orbiting

A madrugada findava e a manhã daria lugar ao despertar de mais uma noite de sono.
Ela abria a janela contemplando a paisagem de um novo dia, ainda que, com olhos cansados de tudo o que via e o que lhe esperaria pelo dia afora. Aquela paisagem misturava-se com pequenas prioridades que lhe ocupariam o dia. Não seriam aquelas prioridades as prioridades que queria ter na sua vida. Imaginava como seria fugir delas, nem que fosse por um só dia. Queria apenas ver aquela paisagem como sendo a sua, ser talvez a onda livre que vai e vem quando quer.
(…)
Desligou a máquina do café, pegou nas chaves do carro e seguiu rumo ao trabalho. O caminho da liberdade ficava no lado oposto. Por momentos tinha aquela sensação de ter aquele bilhete de avião e deixar tudo para trás. Sorria, só de imaginar na indignação dos outros ao saberem que ela tinha partido. Pensava, pensava. Talvez chegue o dia em que pergunte a si mesma: “E porque não?”

"Leave it to me as I find a way to be. Consider me a satellite, forever orbiting. I knew all the rules, but the rules did not know me...Guaranteed"*

* Lyrics "Guaranteed" by Eddie Vedder.

Imagem: KAHLO, Frida - El sol y la vida.

2/20/2008

Rastilhos


(Clicar na imagem para ouvir música: Lou Rhodes - Chase all my winters away)

When I look back

I see the landscape

That I have walked through

But it is different
All the great trees are gone

It seems there are

Remnants of them

But it is the afterglow

Inside of you
Of all those you meet

Who meant something in your life

(Olav Rex, August 1977)

Imagem: Alan Ross - Atlantic Storm, Schoodic Point

2/13/2008

Snow Globe



O que há de bom nos sonhos?


A possibilidade de se concretizar tudo.

2/08/2008

"Estou onde quero...

(clicar na imagem para ouvir a música)

...e quem manda na minha alma sou eu.

Estou nos momentos certos, pelo tempo certo."


Imagem: DEGAS, L'étoile.

2/04/2008

Blindfold


Pensava, já nada havia a fazer. As passadas do tempo engoliram toda a esperança que tinha e tudo aquilo que lhe restava era aquele silêncio atroz. Fazer o quê? Voltar atrás como uma mendiga assumindo as culpas do seu caminho? E se a porta não abrisse? Não… permanecia quieta naquela instabilidade, tão segura de si como as suas últimas palavras de um adeus indefinido, mas contudo, dito… oh mal dito!
Era preciso caminhar anos e anos, para se aperceber que o grande amor fora aquele. Era preciso provar outros, era preciso enganar-se para dar valor ao que teve. Agora, esperava-lhe um amor mediano, sim. Um amor qualquer que aquecesse os pés mas que, certamente, não lhe iria aquecer o coração.
E ele? Lembrava-se dela todos os dias. Incorporou-a em detalhes numa outra mulher, o oposto da Lua, a sua. Era precisamente o oposto que lhe fazia lembrar que a vida é dura… a vida é lixada, a vida foi aquela que a “tal” levou. Por ser assim, lembrava-se dela todos os dias e esquecia-a num outro sonho pré-fabricado e muito forçado.
(…)
Assim continuam a vida, viciados nos jogos de dureza, de orgulho e de mágoa. Brincam como garotos no jardim dos desenganos, a tentar ser aquele amor que perdura para sempre na vida de outros. E jogam aos berlindes mais uma vez. Talvez um dia destes, vejam que o jogo é sempre o mesmo e quem perde são sempre os dois, pois nunca vêem que há coisas que perduram e que há amores que não se esquecem. Certamente, porque não há amores como os primeiros.


Dedicated to L. – Sometimes, to make our present different, we have to go back and get the most important things in life. Don’t be afraid now, ‘cause now you are wiser and sure about your feelings and this, my dear friend, it’s the difference. Go on, and hold tight your happiness.

Image by Jerry Uelsmann.