Pensava, já nada havia a fazer. As passadas do tempo engoliram toda a esperança que tinha e tudo aquilo que lhe restava era aquele silêncio atroz. Fazer o quê? Voltar atrás como uma mendiga assumindo as culpas do seu caminho? E se a porta não abrisse? Não… permanecia quieta naquela instabilidade, tão segura de si como as suas últimas palavras de um adeus indefinido, mas contudo, dito… oh mal dito!
Era preciso caminhar anos e anos, para se aperceber que o grande amor fora aquele. Era preciso provar outros, era preciso enganar-se para dar valor ao que teve. Agora, esperava-lhe um amor mediano, sim. Um amor qualquer que aquecesse os pés mas que, certamente, não lhe iria aquecer o coração.
E ele? Lembrava-se dela todos os dias. Incorporou-a em detalhes numa outra mulher, o oposto da Lua, a sua. Era precisamente o oposto que lhe fazia lembrar que a vida é dura… a vida é lixada, a vida foi aquela que a “tal” levou. Por ser assim, lembrava-se dela todos os dias e esquecia-a num outro sonho pré-fabricado e muito forçado.
(…)
Assim continuam a vida, viciados nos jogos de dureza, de orgulho e de mágoa. Brincam como garotos no jardim dos desenganos, a tentar ser aquele amor que perdura para sempre na vida de outros. E jogam aos berlindes mais uma vez. Talvez um dia destes, vejam que o jogo é sempre o mesmo e quem perde são sempre os dois, pois nunca vêem que há coisas que perduram e que há amores que não se esquecem. Certamente, porque não há amores como os primeiros.
Image by Jerry Uelsmann.
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