2/20/2007

Nowhere warm


Olhou para as malas e deixou-as ali, ao canto da cama. Debatia-se com as roupas, arquitectando o cenário e os encontros em lugares fictícios ou não. Afigurava os sorrisos e sentia o calor que lhe davam pela saudade sentida. Imaginou as pessoas tal como eram, quando as deixou na última vez. Gostava de as relembrar como foram, misturando-as num sentimento de ternura e profunda admiração. Continha na sua alma, aquelas imagens que a coloriam nos escapes do seu quotidiano real. Viajava com elas, pelo desejo de emoções felizes e reconfortantes. Ponderou aquela ideia de partida, afim de findar as saudades do mundo oposto ao seu.
Sabia que não podia voltar atrás, ainda que poderia fazer em relação ao espaço...
Deixou-se viajar, por dentro.

Imagem:Waterhouse, John William - Psyche Opening the Golden Box

4 comentários:

AR disse...

A saudade é uma palavra exclusivamente portuguesa que encerra algo de especial e místico.

Para além de ter uma sonoridade que encanta, guarda nas suas letras algo que só se descreve sentindo.

Talvez seja por isso que a Saudade seja a palavra de eleição quando falamos do que tivemos e mas ficou lá atrás, e do que nunca tivemos e tememos nunca alcançar.

Gostei do texto.

:)

Eb1Eng.ºDuarte Pacheco disse...

Viajar por dentro às vezes custa, mas sempre se poupa o trabalho de desfazer malas...

Shhh disse...

Ar,

Saudade é um tempo de ausência que rasga os dias que temos. Mas vamos vivendo e aprendendo a conviver com essa saudade que nos mostra, que afinal, não somos inertes às emoções e que há, certas emoções que valem a pena viver.
;)

Shhh disse...

Lua,
Pior que as viagens,é o tempo que permanecemos fora de nós, mas dentro de nós.... Hum.. filosófica que eu estou...hum....

Beijinhos