2/15/2007

Submersão


Nem os pensamentos guardas, porque esses foram embora sem destino e, neste jogo, não há boomerangs. Puta de vida, quando o vazio que te preenche é já a mobília habitual que conheces bem. (...)
Tinhas que te ir embora, só porque tinha que ser. E eu fico aqui, ressacando na assombração das ilusões que passam nestas paredes, as mesmas, de sempre. Nas ruas por onde passo, vais brincando comigo, escapando-me do meu olhar. Já nem te percebo ou me percebo, quando a imaginação também me invade. Vou te procurando nos outros, porque o desejo de te rever é mais forte do que eu. Pensas em mim? Que se lixe a tua resposta. Fugiste e eu parti do lugar em que me deixaste. Mas levaste uma metade minha e isso faz falta como um raio. E ando aqui nas quedas, porque nestas voltas, a alma vai derretendo o corpo, enquanto tudo me foge. Espalho-me neste chão solto, mas vou fingindo que sou trapezista, só para parecer bem. Mas cá dentro, arde aquele espaço que me levaste, desnorteando os meus sentidos. (...)
É a puta da vida, quando o vazio que tens, nem sempre te pertence: - Tu já és o meu vazio.


Imagem: MACLEAN, Jane - Morning.

5 comentários:

Eb1Eng.ºDuarte Pacheco disse...

"Tu já és o meu vazio".Para mim, o teu texto mais intenso de sempre. Pelo menos, foi assim que o senti.Parabéns.

intruso disse...

este jeff buckley...................

(e tu com as palavras,
zangadas)


beijo

João disse...

Faço minhas as palavras da Lu@.
Beijos

AR disse...

Ainda bem que passei por aqui.

Para além do texto estar muito bom está cheio de conteúdo e emoções!

Shhh disse...

Lu@,
Talvez tenha sido o texto mais intenso, pelo menos gostei de o escrever. Obrigada pelo comment:)



Intruso,

este Jeff Buckley............... palavras para quê? Obrigada por apareceres!
Beijo




João,
Obrigada pelo comment.
Beijos




Ar,
bem-vindo/a novamente! Mt obrigado pelo comment.:)