Eu vou conseguir ficar?
12/27/2007
12/26/2007
Mudar
Há quem espere uma vida inteira.
Há quem não vê aquilo que tem e deseje outra coisa.
Há quem tenha quase tudo, mas o quase é a peça do puzzle que falta.
Há quem não espere nada de nada.
Há quem diga que quer mudar, mas não tem coragem.
Há quem tenha coragem de mudar tudo e depois ouve estas coisas:
“- Tu vês a luz no túnel e pensas que é desta que vais mudar de vida. E quando já estás no meio do caminho, vês essa luz mais próxima. Mas afinal, é o comboio que vai ao teu encontro.”
E ouve-se isto e fica-se na......
Imagem: capa do album Garden Ruin dos Calexico.
12/17/2007
Willd horses, we'll ride them someday
Vou pelo caminho um pouco com medo de ser apanhada por ti, mas, são esses olhos ternos que me apanham quando tento fugir. Penso: não me vou denunciar, hoje não. E olhas-me mais uma vez, com esse teu ar de menino ternurento e com as palavras certas na boca para me incendiarem uma vez mais. Tu sorris e falas de nós. Fecho-me em copas e digo que o nós é qualquer coisa que não existe.
Fujo.
Quero-te.
Fujo.
Vou seguindo e fugindo do teu olhar, fugindo do nós que existe em ti e de tudo aquilo que eu gostaria de acreditar...
12/11/2007
Don't listen, don't care
"Penso: não vou chorar, e caem-me as lágrimas pela cara a baixo. Sou uma mulher bonita. Obrigo-me a dizer alto: sou uma mulher bonita. No espelho limpo as lágrimas, lavo a cara, visto-me. Tantas coisas que eu não percebo, tantas coisas que me passam pela cabeça, que eu sinto no corpo, tantas vozes e palavras e coisas que nem chegam a ser propriamente palavras que eu não percebo, que eu não sei, nem consigo ver o que me acontece, onde estou, que merda é esta em que estou metida, a minha vida, vou pela rua e não sei nada, não sei nada meu deus, eu não sabia que era assim, que podia ser assim, o que é que eu faço, não vou chorar, mais não, aqui não, não vou chorar mais, acalma-te Mariana, acalma-te, é isso: vou-me acalmar e depois vou simplesmente entrar no café e comprar um maço de cigarros. E estou-me nas tintas se olharem para mim ou deixarem de olhar e se dizem coisas."
Ps.: Gosto de pensar que não sou a única com estas crises! Tenho mesmo que sair daqui, talvez, um "Abre para Lá".
11/25/2007
"Os beijos merecidos da Verdade"
O mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração,
As tormentas passadas e o mistério,
Abria em flor o Longe, e o Sul sidério
'Splendia sobre sobre as naus da iniciação.
Linha severa da longínqua costa
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves, flores,
Onde era só, de longe a abstracta linha.
O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esp'rança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte
Os beijos merecidos da Verdade.
Fernando Pessoa
10/25/2007
10/17/2007
Se...
Eram controlados aqueles gestos de súbita paixão crescente. Os dias que passavam, preenchiam-se com o vício de estarem presentes por palavras ou por imagens. Os dedos, quase mecânicos, escreviam a história em caracteres, enquanto que, a boca ditava afectos por entrelinhas. Acordados pela imaginação daquele estado emergente, contornavam as leis da física que, se esbatiam num abrir e fechar de olhos perante um futuro incerto. Permaneciam assim. Dentro de si, vagueando tão perto da palavra nós, como se de uma âncora tratasse. Indubitavelmente, pensavam como seria, se permitissem o amor...
9/05/2007
Silent hands
Sofregamente, entrelaçava os seus dedos, fazendo distorcer, por momentos, a realidade que a fitava com demónios chamados de solidão. Era aquela ausência, o intervalo do tudo que sentia, que a devorava, desprovido de qualquer sentimento de piedade. Como era difícil suportar a dor daquela queda, oriunda de tanto amor?
Restava-lhe o tempo dos afectos feridos, espalhados por tudo quanto é chão. Era o tempo de tanta coisa interdita, traçado em cada linha das suas desamparadas mãos.
All these people drinking lover's spit
(…)
*Feist - Lover's Spit (Broken Social Scene).
9/01/2007
Tão Perto de Ti...
Esta é a história de uma relação que não sei ainda se existiu realmente. Tudo brotava, dia a dia, em cada encontro, com a sobriedade e a contenção de sentimentos que ninguém saberia dizer se eram de alegria ou de solidão.
Nos nossos encontros, falando de coisas que no mundo nos aconteciam, eu pousava os olhos nos grãos de açúcar caindo-lhe no café, na comissura dos seus lábios, no seu jeito de pegar na colher, (...).
A paisagem da cidade povoou-se rapidamente de bares, restaurantes e cafés que foram a nossa casa. Nunca estive tão isolado no meio de tanta gente. Nunca busquei tão intensamente aquilo que não esperava encontrar. Nunca me senti tão invariavelmente esgotado depois de cada encontro. Era como se tivéssemos feito amor. (...)
8/29/2007
8/23/2007
Cá estamos nós outra vez
Uma coisa tinha conseguido: voltar diferente. Pousava as malas na sala, enquanto, olhava os pormenores em seu redor.
Sentou-se e encheu os pulmões com mais uma lufada de ar. Encontrava-se numa espécie de transe. Meditava na sua viagem e nas palavras sábias de cada um. Balançava-se nelas e apoiava-se numa ou duas por aí. Sentia que a metade do seu corpo, o seu espírito, só voltaria na próxima semana e muito provavelmente, ele ainda estaria a arrumar a mala no outro lado da barreira.
Tinha questões por resolver, de momento. Mais uma lufada de ar inspirada. Na sua mente, cantarolava Jorge Palma, pensando que também tinha na boca o coração apertado com beijos a 50 e tal graus mas por arrefecer, por reprimir na vontade do desejo. Aos poucos, construiu o cenário, as deixas e o filme. Sentiu-se mais segura e prosseguiu naquela encruzilhada.
Aquela outra metade, demorou duas semanas a chegar. O seu corpo já estava com saudades. Olhou para o espelho e decidiu que estava pronta para uma nova caminhada. Era uma constatação amadurecida, enquanto dizia baixinho: - Afinal não me perdi pelo caminho, apenas, o reencontrei.
8/21/2007
No escape this time from you
Entregava-se aos beijos como se fossem dele. Daquele que ela sempre conhecera e admirara. Mas não eram. Eram beijos fáceis e sem sentido...
Chegava a casa, um pouco zonza, um pouco surda e muda.... Tentara esquecê-lo nos beijos d’alguém, nos abraços d’outro que não a preenchia tão bem.
Em tudo, em tudo, lhe faziam voar ao outro país, tão distante como talvez um outro mundo. Como tinha saudades daquele mundo só seu, partilhado e construído com alguém tão especial.
Muros e muros, barreiras sem fins, eram o seu presente afinal. Ninguém era capaz de ousar atravessá-los, de conquistá-los.
As pessoas teimam em coisas fáceis, em coisas sem fins, sem planos.... Como é a vida, tão fútil assim? Não basta uma cara bonita, um sorriso lindo... Não basta isto, não basta nada. Basta simplesmente, ser. Ser alguém que quer, que luta e que ama.
Tinha saudades d’aquele mundo que a preenchia. D’aquele mundo que ela se orgulhava, d’aquele mundo que amava...
Imagem: Van Gogh - Starry nigth.
8/12/2007
Importância do sentido
8/01/2007
Should I take that risk or just smile?
"Para analisar uma obra de arte, é preciso afastarmo-nos..."
- Sabes que o tempo é um beijo demorado e venenoso?
Sei com que pés te mexes, com que mãos te agarras. Só não sabes, que esse veneno é uma merda qualquer que já te percorre nas veias, consumindo os teus limites.
Imóvel, assim ficas porque foi esse o beijo que te levou à tua própria loucura indefinida. E os teus fantasmas dançam, bailam porque te vencem. Só não me tornes num fantasma teu, porque a vida é para ser vivida sem fantasmas a vencerem o presente.
Conheço-te? Sim, perfeitamente. Porque nesta montanha russa em que vivemos, eu observei-te. E eu deixei-me ficar ali, também imóvel mas com a alma livre. Tão livre porque se definiu o meu futuro. Ali estava a porta aberta, pronta para me dar as boas vindas e me mostrar muito mais para além de ti. E pelo caminho aberto, folgo em saber que ficarás bem algures nesse teu mundo. E em tom de despedida, deixo-te tudo aquilo que fui para ti,de igual modo, como foste para mim. É justo.
Boa sorte, my friend.
7/25/2007
Viagem
Levou na memória aquele tempo interdito, aquele tempo destinado à reflexão que a consumia em momentos. Vagarosamente, continuou numa caminhada desalinhada, sem planos, sem projectos para um futuro, porque esse que ousara sonhar, sabia-lhe a um recente sabor amargo, entranhado no seu coração...
Vivia então, numa balança indefinida de emoções, que desejava esquecer. Esquecer.
De bagagem arrumada, retornava ao sítio do seu coração, buscando consolo nos braços dos amigos que nunca a esqueceram e que sempre a mimaram. Necessitava daquelas emoções fortes que a fariam pensar e ver a sua situação actual com outros olhos e com mais clareza. Buscava o conforto, o alimento para a sua alma.
Voltar diferente. Talvez um pouco mais despreocupada, um pouco mais imperfeita. Um pouco mais livre na sua maneira de pensar. Voltar a si.
7/16/2007
Love with tongues of fire
Com o coração preso à garganta, repetia vezes sem conta, a vontade de tornar tudo mais diferente, mais calmo. Eram situações que já tinha vivido no seu passado, experiências que, se calhar, foram pouco aprendidas.
Ficava um pouco vazia de si; ansiava aquelas palavras proferidas do outro lado, como quem anseia água num deserto.
Chegou ao final do caminho ou talvez de uma encruzilhada, descaiu-se nas palavras como quem cai pelas escadas... Será que se salva ou morre nas suas palavras?
7/07/2007
Sinais
(...)
Poderia ser só os hábitos ou as rotinas que a faziam descair até ao patamar mais baixo que conhecia: o da solidão.
Queria dizer-lhe alguma coisa, talvez ele a pudesse tirar de lá, mas havia palavras que ela própria sabia que não deveria de as dizer. Há que saber ler as pessoas, pensava.
6/06/2007
Tomorrow
O tempo voava e sentia-se pequena por isso. Doía-lhe o corpo pelo esforço físico que tinha feito na última batalha que viveu. Era difícil combater contra o tempo e desta forma, pouco havia a fazer. Parecia-lhe que o próprio espírito até se tinha tornado pesado.
Eram tantas, tantas coisas a fazer que quase não cabiam no tempo assim previsto. Os pensamentos rodopiavam a uma velocidade alucinante, as palavras saíam-lhe gaguejadas e as acções, umas atrás das outras, embrulhavam-se numa rede complexa de mecanismos que exigiam ser perfeitos.
Tenso, assim ficava o corpo consoante os afazeres obrigatórios que na agenda estavam impostos. Ia riscando-os à medida que os concluía.
Aos poucos, entrou naquele ritmo de trabalho que lhe consumia todos os segundos, minutos ou horas. No final do tempo de um dia, chegava a casa um pouco entontecida com tanta pressão criada por si e pelos outros.
Era sim, no final do dia que se sentia premiada. Chegava-lhe a casa aqueles braços desejados que a consolava e acalmava. Pensava nisso, várias vezes durante o dia: receber aquele abraço apertado que lhe dizia, em voz baixinha: “Hoje o dia foi complicado, mas amanhã verás que será diferente, será melhor, meu amor...”
Imagem: John William Waterhouse - Psyche Entering Cupid's Garden.
5/09/2007
Novo dia
As horas, por serem verbos de acção no tempo, colmatavam os pensamentos foragidos que de uma vez ou noutra, lhe escapavam até ao passado.
Pensar no Passado ou falar dele, era para si uma história do tempo da avozinha, visto que no seu presente, tudo é diferente, tudo é como aquilo que não poderia ser. Ou não deveria ser. Pensava em fugir várias vezes daquela prisão, que de tão grande lhe parecia ser do tamanho de uma ervilha. Como lhe doíam as asas... Doíam-lhe, não por causa do espaço mas sobretudo, por saber que as tinha e não conseguia dar asas a sua liberdade física. Era como um pássaro, mas que em vez de ter duas patas, tinha raízes. Era o preço que pagava, por ter um espírito nómada incorporado num corpo preso a situações alheias.
Talvez por tudo o que tinha vivido até então, deixou de acreditar em pequenas coisas, quais filosofias... De um sentimento de esperança, foi nascendo em si um sentimento de fragilidade. E dessa fragilidade na alma, foram nascendo ervas daninhas naquele espaço a que ela chamava de coração.
O que ela desconhecia, talvez por distracção, era que o tempo lhe amadurecia o seu saber ou lhe fortalecia a sua vontade de viver. Por mais triste que a vida possa ser (porque nem sempre a vida é grata), há sempre um dia novo a nascer. Um dia, que pode ser diferente. Pode ser um começo melhor que os outros. Porque há esperas sem sal, que se tornam em doces tempos de viver.
Dedicado a uma grande amiga, que é cheia por dentro, bonita por fora. Esquecida. Fugaz na sua maneira de viver. Brilhante por vezes e escura, quando se torna pessimista e dura consigo. Só não sabe que há pequeninas coisas que acontecem por acaso. Por uma razão bastante óbvia. Um novo dia, é o que te desejo. E esse dia, pode ser hoje.
5/03/2007
In-in
4/20/2007
4/16/2007
Happy Birthday Miss Shhh!
4/09/2007
Bombordo
Muito mais do que olhares ou toques, traziam consigo a verdade de sentimentos semeados e colhidos pelo tempo contido, pois as melhores coisas vêm sempre do nada.
Seguiam no Oceano Atlântico, por entre abraços e palavras de amor, numa entrega quase absoluta ou inquestionável. A vontade, era aquela de percorrer a mesma rota juntos, ao sabor daquela brisa, salgada por fora mas doce por dentro. Seguir sempre.
Imagem: BUXTON, David - A Couple Sailing.
4/03/2007
Magic Land
Dizem que é uma terra mágica, onde os sentimentos brotam como fontes divinas. Soltam-se. Ouvi dizer, que é lá que o coração fica mais perto da boca sem nenhum elixir consumido. Foi lá também, que Colombo casou e viveu durante uns tempos. É um sítio dourado*...
*Entretanto, descubram por onde ando... ;)
3/26/2007
É isso aí...
Era quase uma certeza que ganhava corpo com passar do tempo, murmurado apenas por quem sente.
Sentavam-se frente a frente, emudecidos perante tamanha cumplicidade de um destino que os fez juntar.
Como que aprovados pelos olhos, faziam das juras, compromissos de entrega selados com a intenção de caminhar juntos, enquanto houvesse caminho por desbravar.
Chegavam sempre um ao outro, com mil histórias de beijos na ponta da língua e com mil sedes por saciar no lençol de água, que corria como o sangue nas suas próprias vidas.
3/20/2007
Post-it Soul
Imóvel, aguardava os passos da vida, enquanto o toque fugia-lhe das mãos e as palavras, essas, guardava-as só para si. Escrevia-as nas paredes d'alma do seu existir, para que nunca se esqueça delas num desses dias que há-de vir. Para que nunca lhe faltem, tal como, ela faltou numa dessas noites, em silêncios suspirados.
3/10/2007
Encontros & despedidas
* Maria Rita - Encontros e despedidas.
Imagem: Bedford, Whitney - Encontros e despedidas.
3/06/2007
Inner scar
Imagem: Malevich, Kasimir - Black Circle.
3/02/2007
Encontros
- Paixão?
Imagem: Bluemner, Oscar Florianus - Red Building with Woman
Is that alright?
- Corta-me esse fio, se puderes. Porque eu não consigo deitar fora o que me prende a ti.
Imagem: Mastroianni, Mark - Shadow and Strings
Navegar
Seguiste-me nessa rota traçada e perguntaste se me podias conhecer melhor. Sorrio a cada alerta que me envias, como um pedido de socorro a um barco naufragado.
Vou recebendo os sinais e envio outros, tal como um farol, para que me encontres e eu me encontre em ti. E com pequenas conquistas, vamos reduzindo o espaço do mar, que nos traz o mistério de encontrar um porto de abrigo, algures perdido por aí mas desejoso que cheguemos lá. Talvez iremos até lá. Talvez...
“Navegar é preciso,viver não é preciso”
Caetano Veloso
Imagem: MUZIS, Robert - Sonniger Tag
2/20/2007
Nowhere warm
Sabia que não podia voltar atrás, ainda que poderia fazer em relação ao espaço...
Imagem:Waterhouse, John William - Psyche Opening the Golden Box
2/15/2007
2/14/2007
Beauty in the breakdown
2/11/2007
"Paixão Turca"
Um pouco mais com os pés assentes na terra, definiam a situação actual das suas vidas, com sabedoria e lucidez.
Sendo sobreviventes, talvez de um destino, conseguiam tirar partido de todas as histórias vividas, tal como a letra da música que soava naquele ambiente exótico. Sabiam o que queriam e para onde queriam seguir. Iam aprendendo com os anos, as lições da vida...
“Sadness and happiness are two paths
2/07/2007
It has to end, to begin
Os pensamentos voam, como se fossem bolas de sabão. Livres.
Renasci na cidade, que julgava ser somente vivida pelos forasteiros. Segui e sorrindo sozinha por essas ruas feitas com histórias, fui enchendo os pulmões com aquele ar frio de Inverno. Hoje, sou uma nova história e vou com pensamentos que voam como se fossem bolas de sabão...
2/04/2007
Linha traçada
2/02/2007
Riding Couple
Foram muitos os tais 15 minutos até à chegada daquele dia, em que assumiam disfarçadamente todos os toques, apanhando de surpresa os olhares alheios dos mais distraídos.
Queriam-se.
Querem-se.
Esse dia marcou-me. Revi-me naquela história e fui vivendo aqueles passos contigo na minha mente. Fomos crescendo em segredo para depois morrermos com o esmorecer dos dias. Na tua ausência, esqueci-me do teu olhar e o teu toque, perdi-o com o passar dos dias. Fomos os secretos daquela história, os tais que viviam 15 após 15 minutos. Os tais que viviam os momentos e que se encontravam nos olhares. Aqueles, que também se queriam, que se deram mas... que fugiram por medo.
Como eu ainda te quero...
1/28/2007
Jardim Perdido
em flor, jardim de impossessão,
Transbordante de imagens mas informe,
Em ti se dissolveu o mundo enorme,
Carregado de amor e solidão.
A verdura
das arvores ardia,
O vermelho das rosas transbordava
Alucinado cada ser subia
Num tumulto em que tudo germinava.
A luz trazia
em si a agitação
De paraísos, deuses e de infernos,
E os instantes em ti eram eternos
De possibilidades e suspensão.
Mas cada
gesto em ti se quebrou, denso
Dum gesto mais profundo em si contido,
Pois trazias em ti sempre suspenso
Outro jardim possível e perdido.
Sophia de Mello Breyner Andresen
1/23/2007
The space between us
Sem ela dar por isso, ele já tinha chegado a casa e sentou-se no chão quente da varanda, junto dela. Olhares cúmplices renderam-se num beijo longo que lhes soube bem. Foi um beijo de saudade pelo tempo que estiveram ausentes. Esse beijo acalmou-a e fez – lhe ver que afinal, o risco era um sabor doce e acima de tudo, desejado pelos dois. Aconchegou-se nos braços dele, inalando o seu perfume e sentindo-se a mulher mais desejada do mundo. Talvez era o Sol que os aquecia naquela tarde de Inverno, ou talvez eram eles, o próprio Sol de Inverno que brilhava mais alto do que qualquer estação do ano. (...)
Ela acordou. Sentiu-se impotente perante a realidade que a engolia. É difícil agarrar um sonho, quando este se escapa por entre os dedos. Sobrava-lhe apenas as sensações num emaranhado de “se’s”, enquanto fechava e abria os seus olhos para a realidade que a fitava. Acordou de vez.
1/16/2007
Fora d'horas
A notícia batia-lhe nos seus neurónios e fazia ricochete na alma. Detinha-se. Seria possível voltar a amar alguém que voltara? Esse mesmo alguém, que decide dar uma viravolta na vida e muda de cidade?
Recordava-se das loucuras de há muito tempo, das aventuras à socapa dos olhos alheios em tempos de universidade. Daquele amor proibido e por ser proibido, tinha mais gozo. Fechando os olhos, deteve-se na lembrança daquele romance que desencadeou uma série de fugas para outras cidades, onde as suas mãos se podiam entrelaçar, livres como pássaros.
Como história acabou, já não se lembrava bem, afinal, era uma história arrumada e a gaveta sempre esteve fechada.
Para já, ambos estavam livres. Para ela, incomodava-lhe saber que ele morava na mesma cidade. Para ele, sabia bem começar de novo a sua vida.
Pausadamente, foi digerindo a notícia sem saber bem que tipo de sentimento definir. Apetecia-lhe mudar de cidade. Fugir? Não. Ela também tinha a necessidade de começar de novo, e sim, noutra cidade, de preferência, embalada nas asas de algum outro colibri.
Imagem: KLIMT, Gustav - The apple tree I.
1/15/2007
Let it flow
Saída à noite. Luzes disparadas buscando cantos nos corpos que dançam na pista. Sorrisos soltam-se, gestos se misturam, olhares denunciam-se. É o círculo da noite que se fecha e brota em nós, como se efemeridade tratasse. E é. Buscam-nos essa troca de olhares, esses olhares que nos comem até ao osso. Há outros que querem chegar até à alma e por lá querem ficar.
Nesta vida, nem tudo é só sonhar. Também é acreditar e deixar o sonho desvanecer-se numa bela e nova realidade: a de amar. Até mesmo num cenário diferente daquele que esperávamos, porque estas coisas não escolhem nem o tempo e nem o lugar. Acontecem.
“- So let it flow...”.*
Imagem: MIRÓ, Joan - Swallow/Love.
* Thx U! :P
1/10/2007
Rota
O barco tem rumo e os ventos, com certeza, serão favoráveis porque se sabe para onde vai. E onde estou neste caminho, não é um acaso mas um resumo de rotas apontadas no livro da vida. Achei melhor despejar o que já não preciso e atirá-lo para alto mar. Despedi-me do peso, mas as recordações vão sempre aqui: no coração. Esperam-me outros portos por descobrir. E se chegar a altura de ficar, ficarei, porque sabe bem permanecer num porto chamado felicidade. Pois nesta vida há tempo para tudo; só não há tempo para aquilo que não queremos.
- É tempo de partir, de viver e aprender uma vez mais. Por cá, segue-se em frente.
“Forever love
Imagem: WHISTLER, James Abbott McNeill - Symphony in Grey and Green: The Ocean
1/07/2007
Lost hours
Há horas que não param o desafiar dos pensamentos, quando nos falta o que queremos. Horas perdidas? Pensamentos perdidos?
Porquê que há merdas que não se esquecem?
Música VAST - "Lost"
1/03/2007
Quase tudo...
Fez as suas voltas, fez um favor a uma amiga e pensou se a mesma era capaz de fazer o mesmo por si. Gostou de acreditar que sim, mas na verdade, são poucos os verdadeiros amigos que estão sempre dispostos a ajudar, independentemente, das suas tarefas diárias.
1/02/2007
A Sorta Fairytale
Eu sei, que era capaz de me sentir tentada a viver novamente naquele lado mais perto do coração. Dizem que, as suas ruas são alegres e fazem bem à alma e ao corpo. Não sei bem, se é um sítio paradisíaco ou um lado definido por aqueles que temem ou então, um lado indefinido por aqueles que não têm medo de arriscar. Se calhar, até são ambas as coisas.
Mas custou-me fazer as malas. Era tão bom se pudesse ficar nesse lado -